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Livros infantis que falam da importância do convívio e do respeito

Confira sugestões de três obras que nos fazem refletir sobre a empatia e a diversidade

Vivemos num mundo com quase 8 bilhões de pessoas. Cada um de nós é um ser único e especialíssimo, com as mais variadas nuances físicas, intelectuais e emocionais, entre outras, que nos fazem reconhecer essa grande beleza da vida: a diversidade.

“Nesse universo tão diverso não cabe preconceito nem exclusão”, diz a escritora e roteirista Cláudia DiCarmo, autora do livro “Passo de tartaruga”, destinado a crianças de cinco a dez anos. Com ilustrações de Marina Monteiro, o livro apresenta, de forma lúdica, aprendizados importantes. “A mensagem é mais bem absorvida pela criança quando vem acompanhada de exemplos reais. A tartaruguinha Daniel, inspirada no multi medalhista paraolímpico Daniel Dias, tem dificuldade de se locomover na areia, mas na água é tão veloz que se torna a heroína da história salvando suas irmãzinhas do vilão Polvolino”, explica Cláudia.

Claudia di Carmo, autora de Passo de Tartaruga

A autora costuma usar com as crianças o exemplo da macieira, que não produz maçãs exatamente iguais. “Uma é um pouco maior, outra mais comprida, mas todas são maçãs. Umas mais doces, outras mais azedas. Algumas são melhores para preparar tortas e guloseimas, outras para comer pura, dando mordidas. Somos como maçãs. Cada um de nós tem suas próprias características, habilidades e dificuldades. Mas ninguém é melhor que ninguém, somos únicos, só há um de nós no universo inteiro”.

Já o livro “Jota e Chico”, idealizado por Carolina Videira, fundadora da Turma do Jiló e especialista em educação inclusiva, traz acessibilidade completa por meio da tecnologia.

Livro Jota e Chico

Carolina se juntou ao produtor musical Rafael Maluf para lançar, em março de 2021, este seu primeiro livro infantojuvenil 100% inclusivo. Libras, áudio narração e realidade aumentada dão vida à obra, que oferece uma experiência literária e musical para todas as crianças.

“Incluir as crianças com deficiência no universo da literatura é maravilhoso. Com as ferramentas que possuímos hoje, somadas a um olhar voltado para as possibilidades e não para as limitações, podemos criar experiências educativas para todos”, diz Carolina, que também integra o grupo criador do projeto Empatia nas Escolas.

A história de Jota e Chico é contada de forma musicada por meio do app que complementa a narrativa de cada personagem. “A ideia foi compor músicas bem-feitas e de fácil fixação para que, através delas, conseguíssemos passar o conceito de inclusão tanto para o nosso público, as crianças, como para os pais e professores que os acompanham durante a leitura”, explica Rafael Maluf.

O livro conta a história de dois primos. Jota, com Síndrome de Down, descobre que é muito diferente de seu primo após entrar na escola, e Chico o acompanha nesse processo de descoberta de forma empática e carinhosa.

Créditos: Reprodução/Carolina Videira

“Jota e Chico também tem o objetivo de inspirar o mercado editorial a ser mais inclusivo na forma e no conteúdo, trazendo um olhar de leveza com histórias alegres, sem penalizar as crianças por suas deficiências em papéis tristes”, acrescenta Carolina.

Outro livro interessante é “Amarílis”, de Eva Furnari. Trabalhando com temas como diferenças, necessidades especiais e relacionamento familiar, a autora fala sobre o universo de dois irmãos. “O foco é o amor e a solidariedade, é a história que eu escrevi que mais me emociona”, diz Eva, respeitada escritora e ilustradora de mais de 60 títulos, espalhados por livrarias, bibliotecas e escolas de todo o Brasil.

Amarílis, livro de Eva Furnari

“Amarílis” mostra Luiza e Tiago envolvidos em um jogo especial. O caçula tem deficiência visual e a irmã então inventa uma forma diferente de contar sobre as imagens dos livros que está vendo. Nesse jogo ela não pode usar referências visuais, então fala de sensações, como o tato e outros elementos, e acaba inventando histórias e desenvolvendo sua própria criatividade, além de exercitar a empatia e a solidariedade.

“Esse livro pode render um trabalho muito interessante em sala de aula, para que uma criança feche os olhos e a outra escolha uma imagem para descrever, sem usar referências visuais. O que eu espero dos leitores, sejam pais, professores e crianças, é que se emocionem. A emoção é sempre de verdade, e a gente abre uma portinha no coração da gente para entender o outro. Isso é empatia, é amor”, explica Eva Furnari.