Da Redação
O Dia da Proteção às Florestas foi criado para lembrar que a preservação das matas é um compromisso de todos nós, até mesmo de quem mora muito longe delas. Toda a sociedade pode e deve contribuir para que o equilíbrio natural das matas se mantenha. E isso pode ser feito de diversas maneiras, inclusive por meio de nossos hábitos de consumo.
O papel das florestas no ecossistema é grandioso, com fornecimento de água, alimentos e medicamentos, sequestro de carbono, regulação do clima e controle de erosões, entre outros. Elas também são fundamentais para manutenção da biodiversidade, e desempenham funções sociais e econômicas importantes aos seres humanos. Não podemos esquecer que as florestas também podem contribuir com oportunidades sustentáveis de geração de emprego e renda.
Proteger as florestas significa conservar a biodiversidade e, consequentemente, a nossa existência e qualidade de vida. Segundo a ONU, as florestas cobrem 30,6% de toda a superfície da Terra. São elas que nos fornecem matérias-primas essenciais, como água e alimentos. São elas a casa de grande parte da biodiversidade do planeta, além de abrigarem mais de 300 milhões de pessoas. São elas as extensas “farmácias naturais”. E também são elas que capturam o carbono, regulam o clima e ajudam a combater as mudanças climáticas.
A situação alarmante da Amazônia
Nos últimos meses, os números do desmatamento na Amazônia têm crescido cada vez mais. Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, a derrubada de floresta cresceu 10% no mês de junho em relação ao mesmo período do ano passado, destruindo 1 mil km², um recorde desde 2015, quando os dados começaram a ser computados.

Um cenário triste e desolador, uma vez que é apenas a floresta em pé que irá garantir o futuro de todos nós. Dos povos indígenas, das comunidades quilombolas, dos extrativistas e ribeirinhos e também das pessoas que moram nas cidades. Há uma interdependência entre todos os seres e suas ações. A destruição da floresta impacta no aumento da temperatura das grandes cidades, na falta de água, na alta no preço da energia elétrica, nas secas e enchentes que castigam milhares de famílias…
Por ser a maior floresta tropical do mundo, a Amazônia é imprescindível para o equilíbrio ambiental e climático de todo o planeta.
O que podemos fazer para ajudar?
Muitas coisas! Por exemplo, comprar móveis e produtos feitos de madeira certificada, de fontes sustentáveis. Também é vital reduzir o consumo de carne bovina, uma vez que os impactos associados à sua produção (como o desmatamento de áreas para a criação de novos pastos para o gado) são reduzidos quando optamos por outras fontes de alimentos, como os vegetais, que também contêm proteínas.
Não comprar produtos que ameaçam a vida animal. Sim, antes de comprar um produto de origem animal ou que use partes dele (ossos, peles, penas, etc), exija informações sobre sua origem e sobre a legalidade da venda. Se você estiver em dúvida quanto à confiabilidade da informação ou perceber que há alguma atividade suspeita, denuncie para o ICMBio ou Ibama. Sabemos que 20% das espécies da Terra que vivem no Brasil, em especial na Floresta Amazônica, estão constantemente ameaçadas pelo desmatamento.
Também é de grande ajuda colaborar com programas de conservação de florestas, instituições de confiança que direcionam seus esforços para preservar as matas, como o Greenpeace, o WWF e a SOS Mata Atlântica. Se não for possível contribuir financeiramente, vale defender a causa por meio de petições, participar de discussões e apoiar políticos que propõem medidas de preservação das florestas.
Com hábitos de consumo consciente é possível contribuir para a preservação da Amazônia, do Cerrado e dos outros biomas essenciais à manutenção da vida na Terra.
A exposição Amazônia, de Sebastião Salgado
Conhecido por seus trabalhos monumentais, o fotógrafo Sebastião Salgado está no Sesc Pompéia, em São Paulo, até o final de julho, com uma exposição incrível. A Amazônia aparece em 205 fotos inéditas em preto e branco, como ele diz no texto de apresentação, imagens “que são um testemunho do que ainda existe, antes que mais comece a desaparecer. Para que a vida e a natureza superem o extermínio e a destruição, é dever dos seres humanos de todo o planeta participarem de sua proteção”.

A fim de realizar esse novo projeto, Sebastião Salgado passou longas temporadas junto a doze comunidades indígenas isoladas, navegou no gigantesco Rio Amazonas e seus afluentes e sobrevoou a densa floresta tropical com suas fronteiras montanhosas mais áridas. Foram sete anos de trabalho, ao término dos quais todas as fotos e imagens ficaram prontas. “Ao projetar Amazônia, quis criar um ambiente em que o visitante se sentisse dentro da floresta, imerso em sua exuberante vegetação e no cotidiano de suas populações locais”, explica a curadora Lélia Salgado, esposa de Sebastião. “Além de imagens de vários formatos suspensas em diferentes alturas, no centro da exposição há espaços que lembram as ocas indígenas, para evocar a vida humana no coração da floresta.”
A atuação do Instituto Terra
Ao lado de Sebastião, Lélia tem um projeto de reflorestamento e biodiversidade no Brasil: o Instituto Terra, voltado para a restauração ambiental e o desenvolvimento rural sustentável do Vale do Rio Doce. A região era originariamente coberta pela Mata Atlântica e abrange municípios de Minas Gerais e do Espírito Santo banhados pela Bacia Hidrográfica do Rio Doce.
Diante do cenário de degradação ambiental em que se encontrava a antiga fazenda de gado adquirida da família de Sebastião Salgado, o casal tomou uma decisão: devolver à natureza o que a degradação ambiental destruiu durante décadas.
Por conta da atuação do Instituto Terra, milhares de hectares de áreas degradadas de Mata Atlântica no médio Rio Doce e perto de 2 mil nascentes estão em processo de recuperação. A antiga fazenda de gado, antes completamente degradada, hoje abriga uma floresta com diversidade de espécies da flora de Mata Atlântica. A experiência comprova que junto à recuperação do verde, nascentes voltam a jorrar e espécies da fauna brasileira, em risco de extinção, voltam a ter um refúgio seguro. Um exemplo inspirador para proteger as matas, os rios, os animais e a vida das próximas gerações.